Touros de central pelas provas de desempenho
As centrais de Inseminação Artificial estão trazendo animais para mensurar também eficiência alimentar e características de carcaça. Se forem bovinos com avaliação genômica, falamos de sérios candidatos à coleta.
Dando sequência à reportagem “O que as centrais de inseminação artificial procuram?”, dessa vez tratamos de o que as provas de desempenho podem agregar na decisão de contratar um touro para disseminação de sua genética.
As raças mais competitivas no mercado têm, pelo menos, um certame agendado, anualmente. Dele saem jovens e promissores reprodutores.
Pensando no equilíbrio de características positivas avaliadas pelas Diferenças Esperadas de Progênie (DEPs), quando indivíduos que se destacam em provas de desempenho, não é diferente.
Na Genex, a zootecnista Juliana Ferragute, gerente de Mercado Corte, defende o interesse da central diante das informações adicionadas aos indivíduos participantes.
A opinião é compartilhada por Fernando Furtado Velloso, sócio-diretor da CRIO, central de IA com grande atuação no Sul do Brasil, mas importante fornecedora de genética taurina para o cruzamento industrial, no Centro-Norte.
E faz questão de valorizar a associação de ganho de peso com medidas de eficiência alimentar.
Juliana Ferragute aprofunda a discussão, olhando um pouco mais os animais criados em pasto. “Eficiência alimentar é uma coisa que em teoria faz muito sentido, principalmente quando se fala de raças para trabalhar no cruzamento industrial, uma vez que um percentual alto deles terá terminação no cocho. É bom identificar bovinos que convertem melhor a dieta. São mais lucrativos”, explica.
Contudo, a gerente da Genex avalia que na raça Nelore é um pouco mais complexo o assunto. “Essa eficiência é mais difícil de mensurar, pois os animais que permanecem na fazenda são vacas em regime de pasto, muito mais complicado de medir e identificar. Atualmente, todas as provas são feitas em confinamento, o que pode representar uma base reduzida de amostragem para nosso processo seletivo de touros”.
Por outro lado, as características de carcaça mensuradas por ultrassonografia têm feito a diferença e passou a ser muito defendida. É o que Velloso salienta e vê como diferencial: a necessidade de produzir animais cada vez mais pesados, sem mexer com precocidade produtiva. Porém, “qualidade de carne, no Brasil, ainda é discussão de nichos de mercado”.
Já Juliana Ferragute defende sobremaneira as mensurações de carcaça via ultrassom, pois elas não mostram apenas o desempenho frigorífico dos bovinos.
Outras características, como precocidade sexual, estão em jogo, muitas delas com alta herdabilidade, como Espessura de Gordura Subcutânea (EGS).
E se esses animais de melhor desempenho nas provas puderem ser acompanhados de boas avaliações de DEPs, ainda mais as genômicas, melhor. Para a gerente da Genex, “só interessam as DEPs genômicas, ou seja, fenótipos e mensurações tradicionais acompanhadas de DNA agregado. É assim que passamos a apostar junto com o criador”, explica.
Velloso, da CRIO, mantém o mesmo sentido e vê as avaliações a partir do DNA como reforço das características apuradas nas DEPs.
Para ele, esse reforço vale inclusive nas provas de desempenho, somando-se a todas as outras avaliações dos bovinos expostos que ainda levam itens de conformação, na hora de decidir.
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